A verdadeira Cleópatra
Traidora, ardilosa, assassina,
ambiciosa - e quase feia. Assim é retratada a rainha do Egito em nova biografia, que a mostra antes de tudo como uma mulher política.
Cultura | N° Edição: 2160 | 01.Abr.11
- 12:00 | Atualizado em 04.Abr.11 -
FRATRICIDA
Cleópatra na visão do pintor francês Alexandre Cabanel: ela mata o irmão para subir ao poder
Cleópatra, a fascinante rainha do
Egito, não era linda. Nem sequer bonita. Era quase feia. Tinha um nariz adunco e grande e os cabelos cacheados, bem diferentes de sua pública marca registrada, a franja e os fios longos e lisos. Mas, sim, era extremamente sedutora e
“escravizou” vários homens, entre os quais dois dos mais poderosos de seu tempo, o general romano Júlio
César e seu protegido e sucessor,
Marco Antônio.
O livro “Cleópatra – Uma Biografia” (Zahar), da jornalista americana Stacy Schiff, mostra que a mulher desavergonhadamente sexual, de acordo com a construção que lhe foi dada pela história e pelas artes, era, na verdade, um genuíno ser político. Poder era o seu afrodisíaco. Ao longo das páginas, seu nome costuma ser ornamentado com apostos como traidora, ardilosa, assassina, irascível, falsa, astuta, esperta, ávida, ambiciosa, etc. Mas, reconhece-se, era ameaçadoramente inteligente e independente.
Por que a história optou por retratá-la
apenas como predadora sexual em vez de iluminar sua intrigante personalidade de mulher de negócios?
“Foi sempre preferível atribuir o sucesso
de uma mulher à sua beleza do que à sua inteligência”, diz a autora, que “escavou as fontes mais antigas, separou o que era mito e eliminou as fofocas”,
Ela nasceu em 69 a.C. e morreu aos 39 anos.
A versão mais popular diz que se deixou picar por uma serpente venenosa. Mas também isso pode ser uma invenção para dramatizar o mito. No final da vida, Cleópatra era mantida em cárcere privado por Otaviano, que acabara