A tudo o que o homem conhece
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A tudo o que o homem conhece, o homem dá um valor. Toda a atividade humana é essa seleção incessante, interminável, em que algo é escolhido enquanto algo é preterido. Selecionamos as possibilidades que se nos apresentam mais convenientes, e afastamos as demais, não adequadas ao que queremos. Valoramos, positiva ou negativamente, mais ou menos, mas sempre. Toda nossa vida, nosso progresso ou nossa ruína, decorre dessa atividade permanente de optar, de tornar presentes – ato – valores, reconhecendo nas coisas algo que é apropriado para a realização de nossos ideais, que são ainda valores. Damos às coisas, pelo que elas são, um valor utilitário, ético, científico, estético, religioso. E, conforme nosso espírito, estabelecemos ainda entre esses valores nossas hierarquias, dando mais valor a um valor e, por conseguinte, menos valor a outro valor, intensificando-os mais ou menos. Criamos escalas de valores, que se diversificam segundo os indivíduos, os grupos sociais, as nações. Os valores são um espelho em que nos reconhecemos, seduzidos ou horrorizados.
As valorações não surgem harmoniosamente na vida interna de uma sociedade, porque então teriam de seguir uma ordem universal e já estabelecida. Entretanto, ordem de valores é hierarquia de valores e esta dá-se a posteriori das valorações, que variam sempre. Não há, portanto, ordem estática. Onde há valor, há um tender. As ordens de valores mudam com as valorações, mas, em sentido inverso, os indivíduos sofrem a imposição de valorar de acordo com a ordem de valores socialmente aceita, cambiante e não-universal. Numa imagem menos técnica do que retórica, quando as valorações dos indivíduos buscam mudanças na ordem de valores geral do grupo, têm-se as lutas sociais e políticas; quando a ordem de valores geral pretende impedir valorações contrárias a si, surge a coerção.
No momento em que obtemos aquilo a que nos conduzia o valor, queremos conservá-lo, o que é também viver o valor, mas ainda mantemos nossa conduta no