A transição da "antiguidade" para a dita idade média.
Por Márlon Batista da Silva
Uma ruptura.
Em um primeiro momento, é complicado caracterizar a visão do autor dessa forma, tendo em vista que o mesmo trabalha com um conceito de longa duração, onde analisa as estruturas romanas e bárbaras afim de compreender a formação do mundo medieval. Estando a dificuldade residindo nesse longo recorte, em quem se perpetuam também algumas permanências, além das próprias mudanças demorarem a ocorrer.
No entanto, no último parágrafo do texto, LE GOFF (1995, p.63) nos instiga com a seguinte afirmativa:
[...]Parecer muitas vezes que a continuidade levou a melhor, todavia, tão longe do ponto de partida que os próprios homens da idade média sentiram, logo no século VIII, e isso foi assim até ao século XVI, a necessidade de voltar a Roma, pois sentiam bem que a tinham deixado. Em todos os renascimentos medievais os clérigos afirmam, ainda mais que a nostalgia do regresso à antiguidade, o sentimento de já serem outros. [...]
Como poderiam sentir falta da antiguidade se as estruturas da mesma ainda estivessem entre eles? “Nascera um mundo novo” (1995, p.48), é uma pista de que aquela “construção unitária não parava de fragmentar-se” (1995, p.49). Ora, trata-se de mais de 500 anos de fusão de culturas, uma caótica confusão entre romanos e bárbaros onde o resultado foi um ambiente não unificado, mas extremamente fragmentado, denominado idade média – um “novo mundo”.
A morte do comércio em determinados lugares sem zonas fluviais, sendo umas das causas da ruralizarão, ainda nos revela uma ruptura nos meios de circulação de mercadorias, onde a circulação deixa de ser terrestre e passa a ser fluvial (1995, p.50).
Profissões hereditárias marcariam uma outra ruptura. “A fuga a certos ofícios e a mobilidade da mão-de-obra rural tinham obrigado os imperadores do Baixo Império a declarar