antropo
Mateus Santos Kratz
Resenha do texo:
“Que nunca chegue o dia que irá nos separar" - notas sobre epistémê arcaica, hermafroditas, andróginos, mutilados e suas (des)continuidades modernas.
2015
Neste artigo de Jorge Leite Jr. é feita uma análise histórica sobre os conceitos de hermafroditismo e androginia, partindo da Antiguidade Grega Clássica e chegando até a modernidade. Do hermafrodita ao pseudo-hermafrodita, Jorge Leite nos leva aos compêndios do mundo das ideias de Platão; mundo este onde o hermafrodita é visto como união dos dois sexos, não sendo monstro, mas sim uma criatura mitológica que remete à unidade, transpassando quaisquer tipos de dualidade e separação entre os seres. Entretanto, como explicitado no artigo, o pensamento platônico era acessível e fazia parte de um grupo seleto de pessoas; o mundo das ideias era apresentado apenas aos filósofos da época (capital cultural de Bordieau). Ou seja, outro tipo de pensamento permeia o povo, pensamento este com influencias orientais (como dito no texto); neste conhecimento se dá um foco maior na genitalidade, pênis e vagina são bem expostos em um mesmo ser; a estética é mais “escancarada”. Também temos a história de Ovídio sobre o hermafrodito, este personagem sendo amaldiçoado a passar o resto da sua vida junto a uma ninfa; tirando assim a sua perfeita condição de uno para a dualidade; agora ele é metade masculino e metade feminino, não sendo completamente os dois, a ninfa aqui atua como uma maldição a sua perfeita condição anterior.
Já na baixa idade média há uma forte influencia do pensamento judaico-cristão, este vindo com a imagem dita “perfeita” de Deus. Um ser masculino, mas praticamente assexuado. Aqui não há quaisquer dúvidas sobre a condição divina em relação à sexualidade, tudo é estabelecido e regrado. Homem é homem, mulher é mulher, deixando a ambiguidade para o oposto de Deus. Ou seja, enquanto Deus é uma figura “bem estabelecida” e sem