A tirania do corpo perfeito
Ser bonito(a) e jovem é o exame admissional para a vida social.
A psiquiatria sempre se preocupou com as influências culturais sobre a saúde mental. Até que ponto os hábitos, costumes e valores sociais influem no desenvolvimento das doenças mentais? Em épocas passadas, as grandes comoções histéricas dominavam os sintomas psíquicos, juntamente com as emoções decorrentes do conflito humano, predominantemente no sexo feminino. Eram produzidas crises onde se misturavam teatralidade humana, bruxaria e influências demoníacas.
Em épocas mais recentes a angústia era traduzida em grandes conversões pseudoneurológicas, como as paralisias, cegueiras e afonias histéricas. Inúmeras paralisias e afonias desse tipo (pré Ressonância Magnética) alimentaram os cultos milagreiros. A fé era o santo remédio e misturar manga com leite matava de congestão, assim como, olhar no espelho ou tomar banho depois de comer podia entortar bocas.
Sem dúvida, alguma coisa boa aconteceu recentemente com a maior popularização dos conhecimentos psiquiátricos, mesmo considerando os excessos onde, um ou outro autor, procura psiquiatrizar a sociedade e o comportamento humano em geral.
A ampliação e divulgação dos conhecimentos neuropsicológicos e os métodos de diagnóstico ajudam a melhorar a qualidade de vida das pessoas. Um dos exemplos é o que se sabe, mesmo leigamente, em relação à Síndrome do Pânico, Depressão,Transtorno Obsessivo-Compulsivo e outros. Houve uma espécie de desestigmatização da Ansiedade Aguda ou da Angústia Patológica. Sim, porque antes as manifestações da angústia costumavam ser consideradas exemplos de “franqueza mental”, falta de pensamentos positivos, falta de ter o que fazer e coisas do gênero.
Mas hoje, com a universalização dos conceitos psiquiátricos, sabe-se que o estresse e a ansiedade podem acometer qualquer pessoa “de bem”, sem que seja considerada doida ou mentalmente fraca. A Síndrome do Pânico, os Transtornos Fóbicos e outros, de