A ternura de um coração contrito
Sl. 51.17.
Friedrich Wilhelm Nietzsche disse: Nosso tesouro está na colmeia de nosso conhecimento. Por isso, não desejo pregar apenas para a alma, mas também para o intelecto.
João Mangabeira ao transcrever as palavras do pequeno grande homem de Haia no Estadista da República, disse que coração é o sacrário da consciência, do remorso, do arrependimento, da regeneração, da crença e da fé. Sacrário é o lugar mais íntimo. É o lugar secreto. É a parte mais profunda e entranhada de um ser onde se abrigam os sentimentos mais íntimos do ser humano. Para Rui Barbosa, não se conhece o coração pelo silogismo antitecnicismo das polaridades epistemológicas e cognitivas de Heidegger ou por ciências infusas e abstratas, mas unicamente pela impalpabilidade intrínseca de uma afinidade relacional.
No cartesianismo o coração é a sede das seis paixões primitivas: admiração, amor, ódio, desejo, alegria e tristeza.
Na tradição judaica a ideia de coração não envolve apenas as emoções, mas a vida física e espiritual do homem.
Na sintaxiologia grega, o coração além de ser a ‘kardia’ de todo o ser vivente, também aponta a plenitude da vida física e espiritual do homem; é a fonte dos pensamentos, das paixões, dos desejos, dos afetos, dos desafetos. É a parte mais central ou mais profunda de algo, é a parte mais íntima de um ser, é o berço dos sentimentos, das emoções do ânimo e da coragem.
Na concepção de Deus, o coração do homem é o lugar de sua manifestação e de sua morada. É o lugar onde ele deseja revelar a graça. É o lugar onde ele almeja manifestar a sua zoe, que é a vida sem limite, é a vida que transcende a morte e a própria eternidade, na verdade a eternidade existe por causa da zoe, que é a própria vida de Deus. E é esta vida que Deus deseja manifestar no coração do homem. Ele disse: “Filho meu, dá-me o teu coração...”, Pv. 23. 26.
Quando Deus pede o coração do homem, ele não está interessado propriamente dito no órgão físico do tamanho