Teoria da Identidade a identidade não é um elemento que cada um de nós possui ao nascer; ela é algo adquirida aos poucos, ao longo de nossa infância, de nossa educação, etc. A identidade situa-se no ponto de cruzamento entre algo que vem de nós (o equipamento psíquico com o qual nascemos) e algo que nos vem de fora, isto é, da realidade externa. E, como dizia Freud em Totem e Tabu, na realidade externa o que existe é a sociedade humana, com as suas instituições e as suas normas. O primeiro sentido é o de ser idêntico a: duas folhas de papel são idênticas quando não existe diferença perceptível entre uma e outra. Outro sentido é aquele em que empregamos a expressão "carteira de identidade": neste caso, trata-se de um conjunto de sinais que permitem a outros dizerem quem nós somos, isto é, nos identificar, nos distinguir em meio a um conjunto. No caso da carteira de identidade, tais sinais são o número do R. G., a filiação, etc. Já percebemos, ao justapor estas duas acepções da palavra, que a identidade remete aos temas da diferença e da alteridade, isto é, remete aos seus opostos. Identificar significa "separar", "designar", mas também significa "tornar igual a": é neste campo semântico que se insere o sentido propriamente psicológico do termo. Todos nós temos um sentimento de identidade, isto é, a sensação subjetiva de que algo subjaz aos diversos momentos de nossa existência e os torna partes da mesma vida, a de cada um de nós. Este sentimento de identidade está associado a fenômenos como o da continuidade (hoje e ontem, sou o mesmo, embora esteja em outro lugar e esteja vivendo coisas diferentes), e como o da sensação de ter limites (por exemplo, limites do meus corpo: sei intuitivamente onde começo e onde termino, e me sinto inteiro dentro dos limites da minha pele). Estes fenômenos podem parecer naturais, mas não são: existem pessoas cuja perturbação psíquica concerne exatamente a estas sensações de permanência, de continuidade, de limites claros entre si e