A temática afrobrasileira na sala de aula
ALEXANDRA DA CRUZ DE NANTES[2]
Maria Evanez Ferreira de Araujo[3]
Um dos maiores desafio da humanidade no século XXI é promover o enfretamento dos conflitos originados das relações étnicas e raciais. Nos últimos vinte anos um cenário preocupante, relacionado ao crescimento de tais conflitos, tem nos chamado a atenção. Segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano de 2004, cerca de 518 milhões de pessoas no mundo sofrem de algum tipo de discriminação ou segregação por razões religiosas, raciais ou étnicas. Neste contexto, as discussões acerca das relações étnicas e raciais não ocorrem apenas no Brasil, todos os países, e o mundo como um todo, enfrentam os desafios de promover a diversidade e expandir as escolhas culturais de todas as pessoas. Estes não são desafios apenas para alguns “estados multiétnicos”, pois quase nenhum país é homogêneo [...] Dois terços dos países têm mais do que um grupo étnico, ou religioso, constituindo pelo menos 10% da população. Muitos países têm grandes populações indígenas que foram marginalizadas pela colonização e pelos colonos.[4]
Entretanto, é em nosso país que o debate merece uma atenção especial, pois, embora cada vez mais desacreditado, ainda vivemos sobre a égide do mito que concebe a sociedade brasileira como uma nação racialmente democrática. Uma análise mais apurada acerca das relações étnico-raciais estabelecidas no seio desta sociedade revela, no entanto, que estas não ocorrem de modo tão harmonioso, ao contrário do que julgam alguns. A crença no Brasil, como um “paraíso racial”, um país de “braços abertos” para a diversidade conduz a uma prática de omissão, que ver como insignificantes os incidentes de discriminação, sobretudo, aqueles com conotação étnico-racial, o que impede tratar tais questões de modo efetivo, sobretudo nas escolas.
Ações discriminatórias pautadas no quesito da raça e/ou etnia, sempre ocorreram e continuam ocorrendo