A tecnologia irá salvar nossa gente da probreza?

A resposta é simples: não. Assim os entusiastas da tecnologia já podem voltar para os seus gibis de ficção científica. Computadores primeiramente vieram para o Brasil com a intuição de tirar o nosso povo do retrogrado comunismo e levarnos para o progesso e modernidade ocidental. A promessa é de que o conhecimento tecnocientífico nos tornaria uma sociedade mais igualitária e democrática. Esse discurso nos acompanha até nos dias de hoje, seja nas nossas políticas públicas ou nas definições de classes sociais. Porém a desigualdade social e a pobreza continuam, mesmo vivendo na chamada sociedade da informação. Para resolver tais problemas, governos gastam muito tempo e dinheiro com políticas públicas que focam em promover o simples acesso a tecnologia, ou seja, barateamento e destribuição de computadores, tablets, celulares a quem antes não tinha a condição financeira para adiquirir tais tecnologias. Essa resolução é falha e completamente determinista. O acesso a tecnologia não garante o seu uso de forma consciente promovendo o empoderamento dos marginalizados.

Não posso negar que o uso da internet nas classes mais baixas tenha aumentado de forma acelerada e que isso permitiria o acesso à informação. Eu acompanho um grupo de jovens estudantes de baixa renda que utiliza a grande rede pelo menos de 3 a 4 vezes por semana. São, em sua maioria, semi e analfabetos, que passam horas no Facebook, curtindo fotos dos seus amigos, compartilhando suas próprias fotos, piadas e figuras. De um ano para cá, nada efetivamente mudou nas suas vidas, continuam fazendo as mesmas coisas no Facebook e incapacitados de propriamente ler. A única coisa que percebi foi que entre as classes mais altas os usuários começaram a rotular essa ascenção como a “Orkutização” do Facebook, ou seja, a forma em que os marginalizados usa a tecnologia é ignorante e sem conhecimento. Mal sabem os mais “ricos” que na vida online não há muros, e que as desigualdades e problemas sociais não podem ser