A Síntese do Espírito Moderno
Para expressar a tese de que o jornalismo reflete com clareza a aventura da modernidade, o sociólogo Ciro Marcondes Filho, em sua obra “Ser jornalista – O desafio das tecnologias e os fins das ilusões” traça um panorama detalhado sobre o surgimento, a estabilidade e as mudanças que a imprensa sofreu ao longo dos anos, expondo todos os anseios que o profissional da escrita passou e passará ao exercer seu trabalho, sujeito a mudanças de caráter ideológico por parte das editorias.
Filho legítimo da Revolução Francesa, o jornalismo está associado à queda do poder construído em torno da Igreja e da Universidade, instituições que concentravam o saber entre os membros de sua hierarquia, privando o acesso da população à documentos e livros. Assim, as primeiras publicações jornalísticas foram de grande valia, pois multiplicavam o conhecimento inserido nos textos reservados e sagrados entre as classes sociais culturalmente excluídas.
Neste contexto, fica a cargo dos jornalistas a atividade de procurar, explorar e vasculhar informações para a produção de notícias, buscando suprir o interesse do seu público. Paralelamente à isto, coexiste o conceito de “mito da transparência”, símbolo do iluminismo, que tudo quer explicar, prever e controlar, supondo que nada está fora de seu “onipresente” alcance.
Em sua exposição teórica, o autor divide o jornalismo em fragmentos temporais: o primeiro jornalismo (de 1789 à metade do século 19), caracterizado pelo sentido de exposição do obscurantismo aliado ao esclarecimento político e ideológico; o segundo jornalismo (que surge a partir das inovações tecnológicas existentes na metade do século 19), que define o jornal como grande empresa capitalista, exigindo de sua instituição uma capacidade financeira que lhe permita a autossustentação; o terceiro jornalismo (cujo desenvolvimento aparece no século 20), que sofre a influência da indústria publicitária até se descaracterizar, fato que ocorrerá no fim deste