A subcultura da Maconha
SETORES SOCIALMENTE INTEGRADOS.
Edward MacRae - Doutor em Antropologia Social, professor adjunto FFCH/UFBa, pesquisador associado CETAD/UFBA
Júlio Assis Simões – Doutor em Antropologia Unicamp, professor da USP, pesquisador do
Departamento de Patrimônio Histórico da Prefeitura de São Paulo.
Resumo
A partir de uma pesquisa antropológica realizada em São Paulo e Salvador, é feita uma descrição da subcultura do uso da maconha por indivíduos socialmente integrados. Argumenta-se sobre a importância de se atentar para os aspectos socio-culturais da questão das drogas, apontando para a necessidade de leva-los em consideração em qualquer intervenção que vise um gerenciamento mais eficaz dos problemas dele decorrentes. No caso dos usuários da maconha, aponta-se para a vigência, entre eles,de um saber bastante elaborado e aponta-se para o uso, através da história, do alarma social sobre o tema como pretexto para exercer maior controle sobre determinadas parcelas da população.
No Brasil os usuários de canabis estão constantemente expostos à estigmatização social, ao assédio policial, a ameaças de violência, prisão e todos os horrores do sistema carcerário brasileiro. Acreditando que essas ameaças são desproporcionais aos riscos que a prática do consumo da maconha representa, tanto para o indivíduo como para a sociedade, e com a intenção de contribuir para mudanças nos estereótipos públicos que fundamentam essas ações repressivas, resolvemos assumir o clássico papel do antropólogo como mediador ou tradutor de culturas e dar, assim, ao público a oportunidade de ouvir as opiniões e entender as representações sociais dos próprios usuários.
Qualquer pessoa que tenha freqüentado a universidade ou tenha participado de outras atividades que envolvam jovens, já deve ter cruzado com o uso não-problemático da canabis. Mas muito pouco tem sido escrito sobre o tema na literatura especializada que se
possa