A sociologia das RI
A partir da leitura do primeiro capítulo do livro “Sociologia das Relações Internacionais” do francês Marcel Merle, deixo aqui minha tentativa de interpretação das ideais desenvolvidas no texto pelo o autor. Apesar de concordar com o que está escrito no prefácio, de que as interpretações dos fatos são estreitamente condicionadas pelo ponto de vista inevitavelmente adotado pelo observador, tentarei fazer as minhas de forma mais imparcial que puder.
Merle começa sua obra alertando para a ambiguidade que a palavra “nação” pode causar. Literalmente, “internacional” significa “entre nações”, mas muitas vezes equivale aos conceitos de “Estado” ou, até mesmo, “Governo”. Reinhold Niebuhr em sua obra “Moral Man and Immoral Society” de 1932 já falava sobre essa questão, ao ponto que afirma que Estado e nação não são sinônimos. Entretanto, Niebuhr esclarece que devemos pensar em Estado e nação como termos interligados, visto que nossos interesses estão nas atitudes morais das nações que possuem os aparatos dos Estados à suas disposições e através deles são capazes de consolidar seus poderes sociais e definir suas atitudes e suas políticas. Merle, por sua vez, diz que não devemos entrar em um debate tão complexo quanto os de Nação, Estado ou Governo. A única relação que devemos tirar do termo “internacional” é que ele aponta as relações entres unidades ou grupos sociais constituídos em nações no interior dos Estados.
Entretanto, o autor mesmo ressalta que qualquer ciência que se reduzisse ao estudo dos fenômenos políticos internos seria ao mesmo tempo truncada e desfigurada, ao mesmo tempo em que, qualquer ação que quisesse analisar os fenômenos internacionais sem levar em conta seus alicerces ou seus prolongamentos internos também ficaria falseada. Merle utiliza os exemplos de Marx, Hegel, Comte e Lenin, garantindo que eles jamais restringiram seus enfoques à política “interior’ ou à política “exterior”. Isso, a meu ver, é algo positivo e extremamente