"A sociedade pós" adilson schultz
Nos seus livros No tempo das tribos e No fundo das aparências, o pensador Michel Maffesoli descreve o espírito “pós-moderno” que vem mudando o mundo nas últimas décadas. Trata-se não exatamente de uma nova época ou de um novo tempo, mas de uma um outro espírito para esse tempo. O autor fala de um clima neotribalista que vem modificando nossas relações sociais, forjado num desejo de aproximação não tanto por interesses a longo prazo e grandes contratos sociais ideológicos, mas por afeto imediato. Segundo Maffesoli, uma espécie de nebulosa neotribalista paira em toda a sociedade, suscitando novas relações e reelaborando questões clássicas como indivíduo, afetividade, instituições, educação, entre outras. Interessa não tanto mais o indivíduo, mas as relações entre as pessoas. No amor, não mais o príncipe encantado ou a cinderela, mas uma boa relação. Não mais ter uma identidade clara, mas compor-se a partir de múltiplas identificações. Não somos mais indivíduos com uma função maquínico-social a cumprir, mas pessoas com vários papéis a desempenhar. Para entender a nova ordem neotribalista em gestação, Michel Maffesoli prefere substituir o termo sociedade por socialidade. Veja como ele diferencia os termos no livro No tempo das tribos: “Enquanto a primeira [sociedade] privilegia os indivíduos e suas associações contratuais e racionais, a segunda [socialidade] vai acentuar a dimensão afetiva e sensível. De um lado está o social que tem uma consistência própria, uma estratégia e uma finalidade. Do outro lado, a massa onde se cristalizam as agregações de toda ordem, tênues, efêmeras, de contornos indefinidos”. “O social repousa na associação racional de indivíduos que têm uma identidade precisa e uma existência autônoma; a socialidade, por sua vez, se fundamenta na ambigüidade básica da estruturação simbólica.” O que forma o grupo e suas relações, seguirá Maffesoli, aquilo que