A sobrevivência entre rios e matas: sistemas de produção familiar e processos de trabalho
No ritmo silencioso das águas, lenta e branda do rio, tendo como companheiro o sussurrar do vento, a embalar os sonhos. No compasso singelo das marés, às vezes escondidos pelas cortinas do silencio e do medo, que insistem em impedir o ecoar de suas vozes, mas felizes seguem sua viagem, movidos pelo canto dos pássaros ao amanhecer, iluminados pela luz do sol, assim é o viver nas florestas e rios marajoaras. E assim, nesse cenário de felizes e tristes contrastes, se pinta o quadro de vida de ribeirinhos marcados pelas garras afiadas do tempo capitalista, acometidos pela necessidade de manterem-se vivos, felizes por manter contado intimo com a floresta e suas riquezas. A vida ribeirinha não é tão bela quanto a desenham, nem tão feia quanto a pintam, por isso estar no campo é vivenciar momentos bons, de dificuldades, felizes e principalmente momentos de muita luta e vontade de vencer. As historias e vivencias ribeirinhas, muitas vezes, se fazem confundir, tornam-se parecidas e distintas ao mesmo tempo, foi o que observamos no período que passamos na comunidade aqui estudada. Acerca das
semelhanças de experiências de comunidades ribeirinhas Dalcides relata:
[...] podemos dizer que o retrato que procuramos reconstruir em torno da trajetória de constituição da comunidade (...), suas experiências de trabalho, religiosidade e educação assemelhassem a muitos outros. Se formos pesquisar como se deu o surgimento de outra comunidade rural é provável que consigamos identificar, inclusive, quais aspectos fazem lembrar a historia desta comunidade estudada. (Pinheiro, Dalcides Santana, 2011, p.61).
Quando nos reportamos ao estudo de determinado assunto, muitas dificuldades se manifestam talvez para testar ou mesmo aguçar nosso faro de pesquisador. Ao estudarmos a comunidade, muitos percalços surgiram e com eles a alegria e satisfação de poder estudar e posteriormente apresentar as outras pessoas, o lugar onde nasci e passei boa