A sabedoria em Santo Agostinho
Agostinho afirma que o homem é uma alma racional que se serve de um corpo mortal e terrestre. Como alma racional o homem almeja e busca incessantemente a sabedoria para conhecer a totalidade e a realidade do mundo que o cerca; mas, como corpo mortal e terrestre direciona as suas ações na busca deste saber.
O homem busca a sabedoria com o escopo de obter a felicidade. A felicidade, portanto é o fim determinante que precede, motiva e rege tanto a capacidade cognitiva como também a praxis humana. O homem desejoso em ser feliz busca saber, e, por isso busca a sabedoria.
Gilson e Boehner (2000, p. 168) afirmam no livro História da Filosofia Cristã que “a sabedoria é a busca daquele saber que, por sua própria natureza, torna feliz a quem o cultua”1; e, no livro Introdução ao Estudo de Santo Agostinho, Gilson (2007, p. 223) afirma “buscar conhecer é, antes de tudo, buscar o objeto cujo encontro apaziguará nosso apetite de conhecer e, por isso estabelecerá nosso estado de beatitude”2.
Mas, nem todo saber torna o homem feliz. Agostinho compreende que há duas concepções de saber, o saber pelo saber e o saber para ser feliz.
O saber pelo saber resulta numa busca sem fim, pois neste caso o homem jamais conhecerá tudo em sua totalidade; já o saber para ser feliz tende para um fim determinado (a felicidade) e por ser um saber delimitado possibilita o homem conhecer o que, como e por que se deve conhecer algo. O seu pensamento não mais vagueia sem rumo, pois este segue constante numa meta fixa: adquirir um conhecimento que seja beatificador.
Santo Agostinho confere este mesmo sentido à filosofia – adquirir um conhecimento beatificador,