A revolução tecnológica contemporânea
A diferença está em, por um lado, a análise que se faz da natureza desta revolução, em comparação com as precedentes, e, por outro, nas consequências políticas que daí se podem extrair.
Tal como creio que há que fazer, analiso as revoluções tecnológicas em termos da lei do valor. Nesta análise, a produção é, em definitivo, o produto do trabalho social e o progresso da sua produtividade manifesta-se por meio da redução da quantidade de trabalho social total necessário para a produção de uma unidade de valor de uso.
2- As revoluções tecnológicas anteriores na história do capitalismo (a primeira, a da máquina a vapor e das máquinas têxteis dos finais do século XVIII, princípios do XIX; a segunda, a do ferro, do carvão e dos caminhos de ferro, em meados do século XIX; a terceira, a da electricidade, do petróleo, do automóvel e do avião em princípios do século XX) traduziram-se todas elas numa redução da quantidade de trabalho social total necessário para a produção dos valores de uso considerados, mas também no aumento da proporção que representa a quantidade de trabalho indirecto (atribuído à produção dos meios de produção) em relação à de trabalho directo (atribuído à produção final). A revolução tecnológica em curso inverte esta tendência. Permite o progresso da produtividade do trabalho social por meio da adopção de tecnologias que se traduzem na redução da proporção do trabalho indirecto.
Resumo estas observações no seguinte esquema quantitativo simplificado:
Quantidade de trabalho necessário (para a produção de uma unidade de valor de uso dada) Trabalho total
(1)
Trabalho directo
(2)
Trabalho indirecto
(3)
Relação
(3)/(2)
1- Ponto de partida
100
80
20
0,25
2- Primeiras revoluções
50
25
25
1,00
3- Revoluções em curso
25
17
8
0,50
A