A resignação é força espiritual
Constitui assunto interessante o problema da resignação.
Para muitos, resignar-se significa adotar atitude passiva em face da vida, renunciar a qualquer espírito de reação justa e digna, numa tentativa de reequilíbrio moral ou material, conforme o caso.
Entre a resignação ativa e a resignação passiva, é grande à distância.
Há necessidade de se aprofundar bem o sentido evangélico dessa atitude de conformação, para bem se assimilar o legítimo pensamento de Jesus.
Aqueles que, iludidos por errôneas interpretações dadas ao Cristianismo do Cristo, não puderam ainda vislumbrar as fulgurações do pensamento cristão, ficaram estacionados na letra dos textos, incapazes de perceber a expressão do espírito que ela encobre.
Jesus jamais pregou o desânimo e a passividade. Sempre foi sereno na fé, corajoso na serenidade e senhor de si.
Em ocasião alguma deixou de reagir, ainda mesmo quando desdobrava sobre seus atos o manto diáfano da resignação.
Pode parecer paradoxal o que dizemos, mas a verdade é que Jesus ensinou às criaturas que a resignação não é o desânimo, assim como a reação não é a revolta nem o desespero.
Sua passagem pela Terra foi maravilhoso exemplo de energia fecunda e de atividade realizadora.
Através da bela linguagem parabólica, confirmou sua dinâmica atividade no trabalho pela iluminação do espírito humano.
Sua ação foi sempre positiva, ainda mesmo quando, no suplício da cruz, convocou as últimas energias que lhe restavam naquele transe supremo, para em sublime forma de resignação ativa, pedir a Deus que perdoasse aos que o sacrificaram, porque não sabiam o que estavam fazendo.
E os séculos têm provado que, efetivamente, eles ignoravam a enormidade do crime que consumaram no Gólgota sombrio ...
Nós, os espíritas, há muito que nos habituamos a ver e a sentir o Mestre longe da macabra visão da cruz, mas em toda a plenitude do seu poder espiritual, tal como ele deve ser visto e deve ser sentido: visto