A religião na sociedade capitalista com a prática do mercado
A prática religiosa na atualidade se tornou cada vez mais um evento, ligado às preferências individuais de cada pessoa. O caráter obrigatório anterior, com o qual as diversas formas de religião se originaram, não existe mais. Este desaparecimento se deve ao fato de que cada vez menos a prática das pessoas é aquela prescrita pela religião. A vida prática é cada vez mais determinada pelo modo de funcionamento do capitalismo – as pessoas têm que ter um emprego, tem de obedecer às leis do estado, pois seu cotidiano está determinado não pelos preceitos da religião, como no passado, mas pelas necessidades da produção capitalista. Desse modo, hoje mesmo o mais fiel cristão não consegue cumprir um décimo do que a bíblia prescreve como modo de vida exemplar, e isso não porque não queira, mas porque é impossível sequer comer nos dias atuais sem estar diretamente conectado à prática capitalista em suas categorias básicas como dinheiro, trabalho, etc. A prática religiosa foi desbancada pela prática capitalista, mas como esta é individualista, é possível manter a religião como algo individual – contanto que não atrapalhe o funcionamento do sistema econômico, ou seja, que fique restrita só ao pensamento ou às horas livres. Assim pela própria prática das pessoas no mercado as coisas adquirem a aparência de portadoras de valor e assim os homens se relacionam por meio das coisas, como se esta fosse a única forma possível de ser. Nossa sociedade ainda não é conscientemente dirigida, mas antes guiada pelo mercado, que nós mesmos criamos, mas não controlamos, criando uma sociedade injusta, onde poucos têm muito e muitos têm pouco e onde a religião não tem espaço no dia a dia do homem. Não que ela não exista mais no sentido amplo da palavra,