A RELIGIOSIDADE HUMANA
CONVERSANDO COM O FILOSOFO XAVIER ZUBIRI
Pe Paolo Cugini
Estamos vivendo uma das épocas da humanidade que mais questionam a presença de Deus. A cultura pós-moderna, na qual querendo ou não estamos mergulhados, está literalmente varrendo não apenas os valores morais que nortearam a vida do homem ocidental, mas também questionando na raiz o sentido da dimensão espiritual do homem e da mulher, pondo em xeque a presença de Deus. Parece que quando as pessoas alcancem um estado de vida que permite satisfazer os instintos básicos da vida, não sentem mais a necessidade de Deus. Parece que o anseio de Deus seja algo que acalma quando o homem e a mulher estão satisfeitos. Isso é até mesmo um dado pastoral. De fato, muitas vezes as pessoas se afastam da caminhada da Igreja quando alcançam um estilo bom de vida. Podemos, então questionar: será que a matéria preenche a vida? Ao mesmo tempo a pergunta pode ser dirigida do lado oposto: será que Deus serve para isso? Numa recente pesquisa foi mostrado um dúplice resultado contrastante. De um lado, foi observado que os países com o maior patamar de vida são aqueles com o menor índice de presença religiosa. Na Suécia, por exemplo, que aparece constantemente ao topo do ranking dos países mais abastados e como o melhor estilo de vida, o índice de ateísmo chega ao 96%. Ao mesmo tempo, porém, a pesquisa mostra que é o mesmo pais, que aparece no topo de outro ranking sem duvida meno honroso: a percentagem de suicídios. Talvez podemos rapidamente salientar que não são os bens matérias que preenchem a sede profunda de sentido que o homem e a mulher percebem dentro de si. Não podemos encurralar a dimensão humana apenas no espaço da dimensão material: existe algo que fica além, que transcende a dimensão material. Não é o dinheiro que preenche o vazio existencial e o homem e a mulher não se resumem nos desejos instintuais. Mais uma vez: tem algo a mais que define a estrutura antropológica do homem