A reinvenção da alfabetização
O acesso ao mundo da escrita se faz de duas formas: através do aprendizado da técnica, pois aprender a ler e escrever é uma técnica que envolve relacionar sons/letras, fonemas/grafemas para codificar ou decodificar, segura no lápis, direção convencional da escrita; através do desenvolvimentos de práticas para o uso dessa técnica, pois não adianta aprender uma técnica e não saber como usá-la. Essas aprendizagens constituem dois processos simultâneos e interdependentes, indissociáveis e diferentes: alfabetização e letramento.
A alfabetização, que é a aprendizagem da técnica, domínio do código convencional da leitura e da escrita e das demais relações, não é pré-requisito para o letramento. Não é preciso aprender primeiro a técnica para depois aprender a usá-la e, infelizmente, isso aconteceu durante muito tempo na escola, o que é um engano seríssimo, pois as duas aprendizagens devem ocorrer ao mesmo tempo, sendo que uma não é pré-requisito para outra.
A alfabetização é uma parte constituinte da leitura e da escrita, com uma especificidade que não pode ser desprezada. A alfabetização é algo que deveria ser ensinado de forma sistemática e não diluída no processo de letramento.
A perda da especificidade do processo de alfabetização está ligada de certa forma a uma concepção associada ao construtivismo e a maneira como ela se difundiu no sistema. Atrelada a isso, veio a ideia de que não seria preciso haver método de alfabetização. Infelizmente, com o passar dos anos os professores ficaram com aversão ao surgimento de novos métodos: fônico, silábico, global. Isso foi uma consequência errônea dessa mudança de concepção de alfabetização. Passou-se a ignorar e menosprezar a especificidade da aquisição da técnica da escrita.
Ninguém aprende a ler e escrever se não aprender relações entre fonemas/grafemas, codificar/decodificar, pois isso é específico do processo de aprender a ler e escrever, mas as alfabetizadoras que