a radicalização do debate sobre inclusão
Enicéia Gonçalves Mendes
No século XVI a sociedade brasileira foi marcada por questionamentos em relação a métodos empregados na educação de indivíduos considerados ineducáveis. Médicos e pedagogos começaram a acreditar na possibilidade de aprendizagem destes, contradizendo os métodos tradicionais de confinamento em manicômio e asilos. Por isso, desenvolveram trabalhos centrados em aspectos pedagógicos sendo eles próprios professores de alguns desses indivíduos. Era o início da trajetória da inclusão no Brasil.
Nas escolas regulares, com a institucionalização da escolaridade obrigatória e a incapacidade de cumprir com a aprendizagem de todos, foram criadas classes especiais para onde alunos com dificuldades de aprendizagem eram encaminhados.
Apenas depois das duas guerras mundiais, é que a inclusão volta ao centro dos debates e começa a ser vista com outros olhos. Parafraseando as palavras da autora, pode-se afirmar que os movimentos sociais pelos direitos humanos (1960) buscaram conscientizar e sensibilizar a sociedade sobre os prejuízos da segregação e da marginalização de indivíduos em grupos com status minoritário argumentando que todas as crianças especiais tinham direito de participar de todos os programas e atividades cotidianas que eram acessíveis para as demais crianças, pois viver em contextos mais normais e realistas promoveria aprendizagens mais significativas, melhoraria as relações interpessoais e possibilitaria melhor aceitação da diferença por parte da sociedade. Esse movimento chamado: “Movimento de Integração”, foi apoiado por pais, profissionais, pesquisadores e governo já que adotar tal filosofia, em época de crise mundial do petróleo entre guerras, significava diminuir os custos dos programas segregados o que faria um bem enorme aos cofres públicos.
A associação destes interesses levou a criação de bases legais que instituíram gradualmente a obrigatoriedade do poder público