a radicalização da eugenia
O ano de 1929 é colocado, no texto, como sendo muito significativo para a eugenia. Em primeiro lugar porque “a pedido do médico Miguel Couto, presidente da Nacional Academia de Medicina”(p.113), foi realizado o Primeiro Congresso Brasileiro de Eugenia, com mais de 200 participantes entre professores, médicos, biólogos, psiquiatras, jornalistas, escritores, deputados.
Marcado pelas inúmeras polêmicas, este Congresso se apresentou dividido em três sessões, a de Antropologia, a de Genética e a de Educação e Legislação, sendo que somente as reuniões desse último grupo tiveram as suas Actas de Trabalho publicadas. Para a autora, tal fato “evidencia uma hierarquia no interior do Congresso”(p.113) mostrando que as discussões sobre legislação eram mais valiosas do que as questões de genética e antropologia. “Sugere o interesse dos participantes do CBE na disputa pela formulação de leis entre médicos e advogados em favor da eugenia” (p.113)
Aparecem como os principais temas debatidos nesse Congresso: o exame pré-nupcial, educação eugênica, proteção à nacionalidade, imigração, doenças mentais e educação sexual.
Na sua seção inaugural Roquette Pinto estabeleceu a seguinte distinção entre Medicina e Eugenia:
“(...)supõe-se que o meio dominava o organismo, portanto a Medicina e a
Higiene resolveriam o problema da saúde; mas a ciência demonstrou haver alguma coisa que independe da Higiene:é a semente, a herança que depende da eugenia.”(...)E no livro A cura da fealdade, Renato Kehl aponta para as diferenças entre Higiene e Eugenia:
“A saúde assentar-se-á, então, sobre duas bases a Higiene que afastará as causas dos males e a Eugenia, que selecionará os indivíduos,tornado-as mais sólidas unidades de raça.”(p.114.)
Outro acontecimento do ano de 1929, com relação à eugenia, teria sido o lançamento do Boletim de Eugenia , um suplemento da revista médica Medicamenta, que ampliara a divulgação de eugenia