A psicoterapia Breve e o Aconselhamento psicologico: semelhanças e diferenças
A relevância de se fazer uma reflexão sobre as interfaces e cruzamentos das praticas de psicoterapia breve (PB) e de aconselhamento (enfocando mais detidamente as especificidades do aconselhamento em DST/AIDS), deve-se tanto a uma experiência profissional de dez anos que tenho com esta última, e a uma leitura crítica que venho fazendo de sua forma de execução; como à percepção de várias semelhanças existentes entre elas, relacionadas principalmente à forma como ambas se distinguiram da psicoterapia tradicional de longa duração. Apesar de distintas em muitos aspectos, a PB e a pratica de Aconselhamento contém semelhanças suficientes para que possam se beneficiar das discussões teórico – técnicas que ambas acumularam em sua estruturação. Assim, no presente texto, pretendo fazer uma breve discussão focando especificamente algumas contribuições que a estrutura teórica da psicoterapia breve (desenvolvida principalmente por Ryade Simon e Fiorini) pode fornecer para a pratica de aconselhamento, especialmente em DST/AIDS.
Podemos dizer que estes dois tipos de abordagem em sua origem se constituíram, se organizaram e se desenvolveram como praticas de ajuda, em contraponto e também em paralelo, às praticas psicoterápicas tradicionais de longa duração e, por este motivo, ambas precisaram desenvolver uma racionalidade e uma organização teórica conceitual própria que as legitimasse e as tornasse recomendáveis cientificamente.
II) Um olhar sobre a Psicoterapia Breve e sobre a Pratica do Aconselhamento Psicológico:
A psicoterapia breve enquanto modelo psicoterápico de orientação psicanalítico, teve sua origem associada, tanto a questionamentos e reflexões relativos ao enquadre e ao formato rígido e único da abordagem psicanalítica clássica, que não se mostrava igualmente adequada e eficaz para todos os pacientes (discussão proposta por Ferenczi, Alexander, entre outros); como a uma crítica ético- ideológica com relação à estrutura clássica da