A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO PELA LÓGICA DA INDUSTRIALIZAÇÃO - VILA OPERÁRIA MARIA ZÉLIA: UM ESTUDO DE CASO
Resumo
Este artigo busca analisar a construção de habitações para a classe operária que teve como agentes hegemônicos – Estado e capitalistas, os industriais – os principais organizadores da Vila Operária Maria Zélia e fazer uma leitura atual do bairro Belenzinho, estando este já com uma urbanização consolidada.
Palavras-chave: Moradia, Vila Maria Zélia, Promotores Imobiliários, Patrimônio Histórico, Tombamento e Revitalização.
Introdução
A moradia é assegurada como direito humano fundamental às relações sociais, à sua reprodução: entender a habitação é situá-la enquanto atividade social de produção e consumo (BLAY, 1985 apud MAGRI, 1972). O elemento moradia foi aqui estudado na construção da Vila Operária Maria Zélia, que marcou fundamentalmente o processo de urbanização no bairro operário Belenzinho, distante 5,5 km da capital paulista. Foi através dos processos políticos e econômicos, possíveis somente pelo cenário que se criava nas áreas industriais que se despontava no início do século XIX, que pudemos reconhecer o processo de aglomeração urbana.
Neste artigo pretende-se conhecer o modo de ocupação do espaço no bairro Belenzinho pelo elemento moradia, tendo-se por referência a construção da primeira vila operária do Brasil, a Vila Maria Zélia. Construída junto à fábrica Cia. Nacional de Tecidos Juta e pensada para abrigar mais de 2.100 operários no terreno compreendido entre o rio Tietê e a Avenida Celso Garcia, entendemos que o arranjo concentrado de indústrias no território foi indutor da urbanização naquele espaço.
É na primeira fase da industrialização na capital São Paulo - que corresponde justamente à indústria têxtil -, que se desponta a necessidade, cada vez maior, por habitações. A demanda é justificada pelo acelerado crescimento populacional da cidade de São Paulo, que desde 1900 cresce na ordem de 43%, de acordo com Santos (SANTOS,