A presença do sindicalismo na história política do brasil
Armando Boito Jr.
A revista PUCviva solicitou-me, para a edição sobre os 500 Anos, um texto sobre o sindicalismo na história do Brasil. O tema é vasto, e é claro que qualquer ambição de tratar um conjunto muito grande de problemas contidos em tal tema seria inútil, dados os limites de espaço da revista e de conhecimento deste autor. Há, contudo, um ponto interessante a ser considerado e sobre o qual pretendo dizer algumas palavras. Refiro-me à intervenção da luta sindical na história política do País. Farei isso, já que se trata de um balanço do “aniversário de 500 anos”, dando ao leitor algumas indicações dos debates e dos autores que trataram do tema. O espaço, contudo, me impede de dar muitas indicações e de apresentar as referências bibliográficas completas.
Existe uma concepção da história do Brasil que omite sistematicamente a intervenção dos trabalhadores no processo histórico nacional. Essa concepção aparece em diferentes versões. Uma primeira versão, de motivação conservadora e elitista, que consiste em abordar os acontecimentos da história nacional, como a Independência, a Abolição, a República, a Revolução de 1930, o fim da ditadura militar e outros, ocultando, pelo silêncio ou pela negação explícita, a importância da interferência dos trabalhadores na definição dos rumos de tais processos políticos. Outra versão, de motivação distinta, que subjetivamente pode, eventualmente, ser até simpática aos trabalhadores, é aquela que analisa as condições de vida, as formas de organização e a luta dos trabalhadores ou, mais recentemente, seus hábitos e suas práticas culturais, separadamente das transformações políticas e sociais pelas quais o Brasil passou ao longo de sua história. Faz-se uma história dos trabalhadores separada da história do Brasil. Esses dois modos de omitir a presença dos trabalhadores na história nacional podem até se fundir, dando origem a uma terceira vertente. De conteúdo