Texto 3 Classes E Lutas Sociais
Celso Frederico
Professor da ECA-USP
Classes e lutas sociais
Introdução
Há diferentes modos de definir classes sociais.
Para o marxismo, elas se definem a partir do lugar que os indivíduos ocupam nas relações de produção, mais precisamente pela posição perante os meios de produção
(proprietários/não-proprietários). As classes, assim, são entendidas como um componente estrutural da sociedade capitalista e, ao mesmo tempo, como sujeitos coletivos que têm suas formas de consciência e de atuação determinadas pela dinâmica da sociedade.
Numa perspectiva oposta, a sociologia empírica prefere estratificar a sociedade, usando como critério o nível de renda e os padrões de consumo. Em assim fazendo, chamam de classes sociais o que a rigor são apenas camadas e segmentos da sociedade.
Tal concepção, utilizada frequentemente pelas pesquisas de opinião, que, volta e meia, aparecem nos jornais, tem o grave inconveniente de aproximar abstratamente pessoas e grupos sociais cujas condições de vida e reivindicações são muitas vezes opostas.
Abstraída da referência à produção, classe social passa a ser um conceito meramente descritivo, bem ao gosto dos publicitários que segmentam a sociedade em suas campanhas de venda. Desse modo, igualam os diferentes, transformando-os em “nichos do mercado” a serem devidamente seduzidos na condição de “consumidores” passivos.
A definição marxista é mais objetiva e mais dinâmica, já que atenta não só às conformações concretas dadas pela inserção no processo produtivo e nas relações de propriedade como, também, ao caráter histórico em que a produção social se realiza.
Essa última característica faz com, a rigor, só se possa falar em classes sociais, strictu senso, com a plena consolidação do modo de produção capitalista. O desenvolvimento do capitalismo, com sua lógica implacável, tende a polarizar a sociedade em duas classes antagônicas: a dos proprietários dos meios de produção e dos trabalhadores
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