A presença do negro no Brasil
A presença negra no Brasil é uma das matrizes mais importantes na formação do povo brasileiro. Essa presença vem sendo mostrada, em prosa e verso, desde os primeiros anos da colonização portuguesa. O modo de viver, pensar e trabalhar do povo brasileiro está completamente impregnado da matriz africana: língua, gestos, religiosidade. Na comida como a feijoada, o acarajé; na música – o samba, nas festas populares espalhadas por todo o país. Precisamos recontar a nossa história enxergando o negro como sujeito de nossa história.
A abolição da escravidão não garantiu a integração social do negro na nova estrutura econômica e política do país. As formas de luta coletiva contra a escravidão se deram por todo canto do Brasil através dos quilombos, mocambos e pelas irmandades religiosas que organizavam compras de africanos escravizados para libertá-los. O negro, apesar de liberto pela lei, foi excluído socialmente, e até hoje podemos observar esse fato observando a população das periferias e das favelas nos grandes centros urbanos de nosso país.
Na história da arte brasileira o trabalho escravo também teve a sua importância. Em nosso imaginário o trabalho escravo está associado à agricultura como a única forma de uso das mãos em atividade produtiva. Mas vamos encontrar entre os escravos ourives, ferreiros, pedreiros, carpinteiros, barbeiros, cozinheiras, músicos, escritores, escultores.
Os primeiros negros chegaram ao Brasil em 1580. Vieram para servir os donos das grandes fazendas, que precisavam de muitos trabalhadores nas lavouras de cana-de-açúcar e não conseguiam escravizar os índios. Para favorecer os fazendeiros, o governo brasileiro permitiu o comércio de negros, que eram capturados na África, trazidos em grandes embarcações (os navios negreiros) e vendidos no Brasil. As viagens duravam entre três e quatro meses. Eles vinham nus e deitados nos porões dos navios sobre urinas e fezes, e nem sempre havia água e comida para todos. Muitos