A política Segundo Maquiavel
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
“Quando escreveu O Príncipe em 1513, Nicolau Maquiavel firmou-se, sem dar por isso, como um «enfant terrible» da política de poder, personificando o mal e corrupção da humanidade. [...] Afinal ele cometeu o pecado imperdoável de revelar os «segredos» do poder”
John K. Clemens e Douglas F. Mayer, O Toque Clássico, p.116.
Com Maquiavel, assistimos a emergência da primeira grande obra realista de política do mundo ocidental. Afinal, o “enfant terrible” teria surgido como o Aristófanes da Política. Daí, a repulsa da sua obra por todos aqueles “príncipes de poder”, surpreendidos com a divulgação dos «segredos» do poder. Maquiavel teria sim, nada mais, nada menos, se afigurado como o “Prometeu” da Política, pois se Prometeu teria roubado o fogo aos deuses em nome da filantropia, uma vez que era, um Titã, Maquiavel poderá ser visto, repetimos, como o Prometeu da Política, uma vez que tendo revelado o segredo da política aos homens, igualmente ficou marcado pelo adjectivo maquiavélico. Mas, teria sido ele apenas um maquiavélico ou um filantrópico? Por agora, deixamos em suspenso esta questão que promete animar este ensaio.
Como palavra que sugere “duplicidade e logro”, o termo maquiavélico expressa, simultaneamente, a ideia de alguém para quem os fins justificam os meios e alguém para quem os outros são úteis na medida em que lhe permitem atingir os seus objectivos, portanto, alguém descaradamente manipulador.
Maquiavel cujo percurso político e militar foi um sucesso na Florença do século XVI, conhecia de perto os meandros e os segredos do poder. Por isso, fala não apenas como alguém que calcula as possibilidades do facto e da realidade política, mas como alguém que descreve a política e o “político” enquanto tal, ou seja, esse “jogo perigoso” de delegações de responsabilidades, mas necessário do homem enquanto “zoon politikon” ou animal político como lhe classificara o inigualável Aristóteles.
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