A pluralidade formal e temática em macunaíma, de mário de andrade
Mário de Andrade foi, definitivamente, um escritor de grande importância para a literatura brasileira. Dentre suas obras, “Macunaíma” merece grande destaque pela inovação trazida e por sua vastíssima quantidade de elementos marcantes. Trata-se de uma rapsódia que busca ir às raízes brasileiras, sondar o caráter nacional e retratar de maneira caricata e muito peculiar as aventuras de um herói às avessas, que dá nome ao livro.
Segundo Telê Ancona Lopes, é uma fusão de “romance popular”, de “rapsódia” e “poema herói-cômico”:
“É romance popular porque faz viver um herói popular como centro dos episódios e das peripécias da obra; uma rapsódia porque espelha a ética e a psicologia nacional no passado e no presente; é um poema malazartiano porque satiriza a sociedade através da personagem procurando dar um rimo narrativo poético: espontaneidade nas palavras, conceituações através de imagens, universo mitológico, dinamismo musical nas enumerações, nas descrições. É um marco no modernismo como prosa experimental.” (LOPEZ, 1974, p.9)
2. Tempo e Espaço
Inicialmente, pode-se destacar que a obra apesar de ter sua origem em um mito latino-americano, safando-se do “mito do indígena brasileiro”, problematiza esteticamente a questão da identidade nacional, o popular, a cultura e o primitivismo do nosso povo. A obra é construída de maneira a contemplar as diversas nuances de um povo multifacetado e plural como o latinoamericano, desta forma é construída de maneira “desgeograficada”, com distâncias locais inexistentes. Desta forma, por exemplo, tem se o trecho em que Macunaíma está em Manaus e poucas linhas depois, na Argentina: “Caminhou caminhou caminhou e já perto de Manaus ia correndo quando o cavalo deu uma topada que arrancouchão. No fundo do buraco [...] Macunaíma esporeou o cardão-pedrez e depois de perto de Mendozana Argentina quasi dar um esbarrão num galé que também vinhafugindo da Guiana Francesa, chegou num lugar onde uns padresestavam melando.”