A percepção do trabalhador sobre os seus opressores

A PERCEPÇÃO DO TRABALHADOR SOBRE OS SEUS OPRESSORES

O trabalhador, seja ele rural, industrial ou urbano, enfrenta constantemente no seu dia, o dilema da sobrevivência pessoal (confundido muitas vêzes com o da manutenção do seu emprego) e o da sua família.
O equilíbrio desse drama passa pela sua capacidade de sustentação das forças que o mantêm e à sua família, e isso o força a se voltar invariavelmente para o seu empregador, normalmente a razão do que é bom e ruim na sua vida, pelo simples fato de que as suas necessidades estão sempre além das suas possibilidades.
Nesse ponto em que esse nosso trabalhador começa a imaginar que ele vale muito mais do que o salário que ele percebe, porque não consegue ganhar o mínimo da sua família, ele deixa de ser um colaborador do seu empregador, para ser um oponente do que ele passa a considerar como seu opressor. Sua mão de obra é vendida como mercadoria a um preço determinado por seu patrão.
Se ele por força da sua incapacidade de sustentar a família, tem que deixa-la em busca de alternativas, o opressor (para ele) passa a ser toda a comunidade que o rodeia. Aí, essa comunidade, ou parte dela, também passa a fazer parte daqueles que contribuem para a sua infelicidade, chegando ao extremo da destruição da sua familia, quando tem que se apartar da mesma em busca de outras fontes de sobrevivência.
Então, esses opressores, os empregadores e mesmo parte da comunidade, passam a ser percebidos como a origem de todos os seus males, daí a revolta, a autoexclusão, e muitas vêzes, o caminho inicial para o crime.
É aqui que a comunidade, sem perceber os males que ela causa ao não abraçar a verdadeira solução dos seus problemas básicos que são a saúde, a educação e a segurança, contribui enormemente para a raiz desses males.
Assim, a quem o trabalhador considera como seu opressor, e porque? O opressor é o poder, é o sistema. Ele sente-se oprimido porque se sente impossibilitado de interferir, sobrevive pela resignação e no trabalho