A ORIGEM DAS MENTALIDADES
Arqueologia do Pre-conceito
Palavra "engasgada" nas histórias da humanidade, o preconceito sufoca as diferenças naturais dos indivíduos e da sociedade. Mata, aos poucos e com frieza, a convivência e alimenta a mais vil intolerância
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Se fosse possível realizar uma arqueologia do sentimento, é provável que o século XXI encontrasse fragmentos do preconceito atual na Antiguidade mais remota, quando o homem vivia em clãs ou tribos. Quando a união fazia a força contra todo elemento estranho. “É daí que vem o preconceito, o qual se configura como uma ideia prévia e negativa e respeito de outrem”, assinala a conferencista Aíla
L
. Pinheiro de Andrade, doutora em teologia bíblica e professora da Faculdade Católica de Fortaleza. Os estudiosos ouvidos para esta matéria preferiram que as entrevistas fossem por e-mail. O “julgamento positivo ou negativo, formulado sem exame prévio”, como a psicóloga Cintia CopitFreller aclara o preconceito, é uma espécie de tsunami que “surge de condições objetivas que determinam o indivíduo”. Nesse sentido, para a pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre o Preconceito da Universidade de São Paulo, as relações entre indivíduos e sociedade estabelecem os preconceitos. “Para compreender o preconceito, é necessário conhecer a formação do indivíduo, os determinantes sociais, bem como as configurações individuais propícias ao desenvolvimento de atitudes hostis em relação aos que são tidos como mais frágeis”, aponta Cintia.
Poder e ódio
Vertentes psicológicas, filosóficas e sociais são caminhos para se chegar à origem do preconceito e para se ir além, até hoje. São como estradas humanas que conduzem à “sua atualidade, ao longo dos séculos”, traça o sociólogo, filósofo e psicanalista Daniel Lins. “O homem não é um ser preconceituoso por natureza, todavia, um sujeito social em