A origem da filosofia
Ao apresentarem explicações fundamentadas em princípios para o comportamento da natureza, os pré-socráticos chegam ao que pode ser considerado uma importante diferença em relação ao pensamento mítico. Nas explicações míticas, o explicador é tão desconhecido quanto a coisa explicada. Por exemplo, se a causa de uma doença é a ira divina, explicar a doença pela ira divina não nos ajuda muito a entender porque há doença. As explicações por princípios definidos e observáveis por todos os que tem razão (e não apenas por sacerdotes, como ocorre no pensamento mítico), tais como as apresentadas pelos pré-socráticos, permitem que apresentemos explicadores que de fato aumentam a compreensão sobre aquilo que é explicado.
Talvez seja na diferença em relação ao pensamento mítico que vejamos como a filosofia de origem européia, na sua meta de buscar explicadores menos misteriosos do que as coisas explicadas, tenha levado ao desenvolvimento da ciência contemporânea. Desde o início, isto é, desde os pré-socráticos vemos a semente da meta cartesiana de controlar a natureza.
Na história do pensamento ocidental, a Filosofia nasce na Grécia por volta do séc. VI a.C. Por meio de um longo processo histórico, surge promovendo a passagem do saber mítico ao pensamento racional sem, entretanto, romper bruscamente com todos os conhecimentos do passado. Durante muito tempo, os primeiros filósofos gregos (pré-socráticos) compartilharam de diversas crenças míticas, enquanto desenvolviam o conhecimento racional que caracterizava a filosofia.
Essa passagem do mito à razão significa precisamente que já havia, de um lado, uma lógica do mito e que, de outro lado na realidade filosófica ainda está incluído o poder mítico. Em outras palavras, a filosofia grega nasceu procurando