A ordem do discurso
Foucault, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Edições Loyola, 1996.
O autor inicia a obra em tom marcadamente literário, já apontando em sua retórica alguns questionamentos sobre os quais discorrerá, como a ritualização que cerca o sujeito ao adentrar à ordem do discurso, honrando-o e desarmando-o, indagando-se por fim sobre “o que há, de tão perigoso no fato de as pessoas falarem e de seus discursos proliferarem indefinidamente? Onde, afinal, está o perigo?” p. 8.
A partir daí parte para a conceituação dos princípios exógenos (terminologia do fichador) de exclusão que enxerga permeando o discurso, o primeiro dos quais constituindo uma grade de três tipos de interdições entrecruzadas e intercambiáveis, a saber: Tabu do objeto, “não se tem o direito de dizer tudo”; Ritual da circunstância, não se pode falar de tudo em qualquer circunstância”; Direito privilegiado ou exclusivo do sujeito que fala, “qualquer um não pode falar de qualquer coisa”.
Obs: A menção da política – junto com a sexualidade – como campo fértil para a proliferação dos procedimentos de exclusão reforça a obra como embasamento teórico metodológico para o trabalho a ser desenvolvido.
O segundo tipo de princípio/procedimento/sistema de exclusão, agora não interditório, mas de separação e/ou rejeição é identificado no tratamento destinado à loucura desde a alta Idade Média até os dias de hoje, apesar das evidentes diferenças no modo de exercê-lo (novas instituições e efeitos).
Ainda um terceiro tipo é apontado na oposição verdadeiro/falso, não no sentido de distinção entre proposições no interior do discurso, mas como o motor que impulsiona nossa vontade de saber/vontade de verdade; nos critérios historicamente constituídos que embasam as normas e formas do saber, ilustrando para tanto como ciências/saberes tais quais a literatura, a economia e o direito, entre outros, passaram cada vez mais a apoiar-se, fundamentar-se, racionalizar-se e justificar-se em uma rede