A máquina do mundo
O poema “A Máquina do Mundo” de Drumond foi publicado no livro Claro Enigma em 1973, já o poema Os Lusíadas foi publicado em 1572, período centrado na história dos descobrimentos, partindo das diferentes épocas de suas publicações é natural que o mundo que o poeta Drumond vê não é mais igual ao remoto passado de Camões, por isso diz que não haveria mais lugar para a epopéia clássica, mas sim uma poesia sob aparência coloquial, seria então uma épica moderna. Notamos nos dois poemas semelhanças como: - Os episódios nos dois poemas giram em torno da Máquina do Mundo. - A composição dos poemas segue a métrica. - Há um clima de tensão que se estabelece nos poemas. Em Camões é o gigante dos mares “Adamastor” e em Drumond a “estrada pedregosa”. Nos fragmentos dos poemas que se referem à Máquina do Mundo apontaremos algumas diferenças: A Máquina do Mundo de Camões é entregue por uma deusa chamada Tétis na Ilha dos Amores. “Vês aqui a grande máquina do Mundo...”, já a Máquina do Mundo de Drumond é abordada no espaço temporal, é um apocalipse alegórico que encerra uma perspectiva ontológica: o conhecimento do ser e do pensamento. Em Camões a máquina é uma miniatura do planeta, é um objeto mecânico que através dele é revelado como funciona o universo de acordo com o modelo ptolomaico (o sol, a lua e os planetas movendo-se ao redor da terra), a máquina é apresentada com detalhes científicos, Gama pode ver e entender o funcionamento do mundo, no entanto a máquina de Drumond não é um objeto físico, é uma máquina do mundo interior, do conhecimento do ser, ela é hermética. A manifestação desta máquina se faz por imagens e palavras, sem voz e sem diálogo, só o universo abre-se ao viajante, como podemos observar no início da descrição da máquina.
“O que procuraste em ti ou fora de Teu ser restrito e nunca se mostrou...” (versos 36 e 37)
A máquina de Camões envolve a física e o místico, ela seduz,