A MULHER ZUNGUEIRA
Berta Benedita Canhanga Chivinda, STJ
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espacio joven
Este artigo nasceu duma reflexão que tenho vindo a fazer durante as viagens dentro e fora da cidade capital de Angola, Luanda, sobre a situação da mulher zungueira. Por que zungar? Com esta profissão se sente realizada? Quais são os motivos que a levam a percorrer a cidade o dia inteiro sob um sol escaldante? Que solução se poderia encontrar para minimizar o sofrimento desta mulher? Estes e outros questionamentos são verdades que inundam a minha mente sempre que saio pelas ruas da cidade. Esta mulher não tem dignidade como tantas outras? Não merece formação? As filhas de Henrique de Ossó não podem continuar silenciosas. Temos de nos comprometer com a promoção da mulher tal como o desejou o nosso Padre. O tempo urge! Antes de apresentar o conteúdo deste artigo achamos pertinente falar sobre o que significa ser mulher. Mulher! Esta terminologia pode revestir-se de muitos significados. Para
Sou, angolana. Nasci no município de Waco-Kungo, província do Kwanza-Sul, aos 02 de Outubro de 1979. Entrei na Companhia de Santa Teresa de Jesus em 2005, junior há cinco anos. Professora de Educação Moral e Cívica, no Complexo Escolar-Paróquia de Santa-Ana. Licenciada em Educação Moral e Cívica. Estou na comunidade de Viana, casa Provincial- Luanda. mim, a mulher mesmo que não exerça a função da maternidade biológica, ela é mãe, geradora de vida e admistradora do lar. Henrique de Ossó apresenta-a como “o coração da família, rainha do lar doméstico, administradora da sociedade e glória da religião... O mundo foi sempre o que fizeram as mulheres” (EEO, I, pg.207). Para o Nosso Padre a mulher é “o coração da família e se o coração estiver saudável o resto andará bem”. Por isso dedicou uma atenção especial à sua formação. E o termo zungueira deriva da língua kimbundu (uma das línguas nacionais faladas em Angola), que significa kuzunga, que quer dizer circular, diambular de um lado