Introdução
Entre feiras, kitandas e kitandeiras
Enquanto espaços de trocas e circulação de mercadorias, as feiras estão presentes desde milénios no quotidiano das diferentes civilizações. Em determinados contextos as feiras representam instituições que fazem parte de um sistema económico, mas estritamente ligadas ao sistema político, de parentesco e cultural, que integram as bases de produção, distribuição e consumo de bens e mercadorias [Mott 2000].
Na região de Luanda, estas instituições foram designadas por kitandas. De acordo com o escritor e ensaísta angolano Domingos Van-Dúnem [s.d.], a palavra kitanda deriva do kimbundu itânda, no plural de kitânda, que significa estrado de bordão entrelaçado que servia de banco, expositor e até de medida, sobretudo para regular a venda de tabaco de corda. Da eliminação do “a” e o acréscimo do sufixo “eira” nasce o termo quitandeira (mulher que negocia em quitanda), como aportuguesamento daquela palavra na língua kimbundu. Nessa versão aportuguesada do termo, vamos encontrar os seguintes significados: mercado; feira; praça; posto de venda de géneros frescos; pequena loja ou barraca de negócios; ou ainda o que em maleta, tabuleiro ou quinda se vende pelas ruas [Ribas 1989: 174]. instituições de grande significado, que se inscrustam na cultura da sociedade nativa luandense, pois, sendo centros de comércio com influência na economia