A Morte como enigma
“O que se tornou perfeito, inteiramente maduro, quer morrer”
A morte é o destino inexorável de todos os seres vivos. No entanto, só homem tem consciência de própria morte. A crença na imortalidade, na vida depois da morte, simboliza bem a recusa da própria destruição e o anseio da eternidade.
O homem não tem, contudo consciência apenas da morte enquanto fim da sua vida.
O conceito de finitude o acompanha em tudo o que faz: é significativa a imagem do deus Chronos (deus do tempo na mitologia grega) devorando seus próprios filhos.
A morte como clímax de um processo é antecedida por diversas formas de “morte” que permeiam o tempo todo a vida humana. O próprio nascimento é a primeira morte, no sentido de ser a primeira perda, a primeira separação. Rompido o cordão umbilical, a antiga e cálida simbiose do feto no útero materno é substituída pelo enfrentamento do novo ambiente.
No diálogo Fédon, Platão descreve os momentos finais da vida de Sócrates antes de sua execução, quando discute com seus discípulos a respeito da ligação entre corpo e alma. Sendo o corpo um estorvo para a alma, a serenidade do sábio diante da morte é o reconhecimento de que a separação significa a liberdade do espírito.
No decorrer da história da filosofia, muitas vezes os penssadores tratam explicitamente a respeito da morte e da imortalidade da alma,mas esta questão está na raiz de toda filosofia e, mesmo quando não se discute diretamente sobre a morte, ela se situa mo horizonte de toda reflexão filosófica. È nesse sentido que Platão afirma ser “a filosofia uma meditação da morte” e Montaigne diz que “filosofar é aprender a morrer”. Pois se a filosofia é uma das formas da transcendência humana, pela qual refletimos a respeito de nossa existência e destino, a discussão sobre a morte não lhe pode ser estranha.
Segundo Heidegger, o ser do homem como possibilidade, como projeto o introduz na temporalidade. Isso significa apenas que o homem tem um passado