A modernidade fordista no Rio de Janeiro
Quando acontece a instalação da indústria automobilística no Brasil, pretende-se além de um parque tecnológico de ponta, a incorporação de um projeto de modernidade americano, mas dada a coalizão política que presidia o processo, os resultados foram bastante diferentes dos obtidos nos EUA e na Europa. Um exemplo disso é o Rio de Janeiro.
No momento em que os automóveis começaram a entrar em massa no Rio de Janeiro, a cidade já tinha seu espaço urbano consolidado. A classe média vivia entra as Zonas Norte e Sul, e a baixa nos subúrbios, porém devido à concentração de oportunidade de trabalho nas zonas mais centrais, junto com as deficiências dos eixos ferroviários e a ausência de políticas habitacionais articuladas às políticas de transporte para as camadas de baixa renda, essas ocuparam áreas do centro e da zona sul. Esse fenômeno foi consolidado nos anos 90.
Ao contrário do que aconteceu nos Estados Unidos, o centro urbano do Rio não ficou menos denso e a classe média não se dirigiu para os subúrbios.
Densamente povoada, a zona sul transformou-se em projeto de ascensão social de parcelas importantes da ascendente classe média carioca dos anos 50. Num primeiro momento, a construção de prédios sem garagem indicavam que o automóvel ainda não havia se constituído como um bem no horizonte de consumo da classe média e isso só viria acontecer após a instalação da indústria automobilística no país. Logo empresários, políticos, médicos, advogados começaram a circular pelas ruas com seus carros e consequentemente foi necessária a adaptação do espaço da moradia da classe média ao automóvel, que só aconteceria entre 1956 e 7958.
A partir da década de 60 houve uma melhoria na acessibilidade das zonas sul e norte, uma prioridade das politicas publicas. A cidade viveu então uma febre rodoviária, com abertura de tuneis, viadutos, vias, passagens de nível, trevos, avenidas que destruíram espaços públicos ou residenciais não-fordistas.