A metempsicose dos antigos consistia na transmigração
A transmigração pelos corpos dos animais não era considera- da como condição inerente à natureza da alma humana, mas como punição temporária; é assim que se admitia que as al- mas dos assassinos iam habitar os corpos dos animais fero- zes, para neles receberem castigos; as dos impudicos, os por- cos e javalis; as dos inconstantes e estouvados, os das aves; as dos preguiçosos e ignorantes, os dos animais aquáticos.
Depois de alguns milhares de anos, mais ou menos, conforme a culpabilidade, a alma, saindo dessa espécie de prisão, volta- va à humanidade. A encarnação animal não era, pois, uma condição absoluta; ela, como se vê, aliava-se à encarnação humana, e a prova é que a punição dos homens tímidos con- sistia em passar a corpos de mulheres, expostas ao desprezo e às injúrias. (Vede
Pluralidade das existências da alma
, por
Pezzani.) Era uma espécie de espantalho para os simples, an- tes que um artigo de fé para os filósofos. Assim como dizemos às crianças: “Se fordes más, o lobo vos comerá”, os antigos diziam aos criminosos: “Vós vos tornareis em lobos”, e hoje se diz: “O diabo vos agarrará e levará para o inferno”.
A pluralidade das existências, segundo o Espiritismo, di- fere essencialmente da metempsicose, em não admitir aquele a encarnação da alma humana nos corpos de animais, mesmo como castigo. Os Espíritos ensinam que a alma não retrograda, mas progride sempre.
Suas diferentes existências corpóreas se cumprem na humanidade, sendo cada uma um passo que a alma dá na senda do progresso intelectual e moral; o que é coisa muito diversa da metempsicose.