A metafísica de nietzche
Martim Heidegger – Nietzsche vol. II
Capítulo VI - A metafísica de Nietzsche
A metafísica de Nietzsche
Parte-se do princípio que o pensamento de Nietzsche é a metafísica, sendo esta a verdade do ente enquanto ser na totalidade. Tal verdade leva ao desvelamento. A metafísica consiste na fabricação de um erro por cindir a vida em dois mundos: um valorizado, mundo “verdadeiro”, o outro, desvalorizado, mundo “falso” ou ilusório, “além”, uma miragem sendo modulada pelas necessidades que se atribuem ao termo “verdadeiro”. Nietzsche começará a expor o seu caminho metafísico a partir da obra Aurora, de 1881. Sobre essa própria obra, diz o autor em Ecce Homo: "Minha tarefa de preparar a humanidade para um instante de suprema tomada de consciência, um grande meio-dia em que ela olhe para trás e para adiante, em que ela escape ao domínio do acaso e do sacerdote e coloque a questão do por quê? Do para quê? Como um todo(...) Com Aurora iniciei a luta contra a moral da renúncia de si". Já com Zaratustra, Nietzsche afirma o caráter fundamental do ente, que seria a vontade de poder. A partir de tal vontade vem toda interpretação do mundo e o modo de se relacionar com ele. A mensagem de Zaratustra é um ataque direto ao idealismo metafísico que atribui ao mundo a existência de uma finalidade, de um significado. A história européia traz seu traço fundamental como niilismo, representando este a necessidade de uma transvaloração de todos os valores. Este niilismo implica na perda de validade de todos os valores supremos e ignora a negação como mentira. Uma nova “justiça” é então necessária para uma justificação legisladora da vontade de poder, que gera a nova instauração de valores.
A vontade de poder, o niilismo, o eterno retorno do mesmo, o além do homem e a justiça
As cinco expressões fundamentais da metafísica para Nietzsche são essas: a vontade de poder, o niilismo, o eterno