A loucura
A humanidade convive com a loucura há séculos e, antes de se tornar um tema essencialmente médico, o louco habitou o imaginário popular de diversas formas. De motivo de chacota e escárnio a possuído pelo demônio, até marginalizado por não se enquadrar nos preceitos morais vigentes, o louco é um enigma que ameaça os saberes constituídos sobre o homem.
Muito se discute, nos dias de hoje, com a reforma do sistema psiquiátrico, o que fazer com pacientes que estão encerrados nestes espaços, anteriormente denominados asilos, pois não haverá, fechando tais hospitais, onde confiar o louco
É impressionante o descaso que o homem sofre, desde outros tempos, caso seja portador de síndromes, transtornos, manias, depressão, entre outras formas da manifestação louca, que transforma toda a vida num horror para quem olha. Houve, no entanto, um momento em que a loucura era desígnio divino, efeito demoníaco ou obra de arte e cada uma destas formas de explicá-la traz consigo uma época diferente.
O comportamento louco tinha como origem a mitologia que explicava a influência das entidades divinas, ou outras entidades a serviço dos deuses, na causa dos eventos que levava ao delírio, suicídio, homicídio, transgressão das normas sociais entre outros comportamentos desajustados.
Houve uma importante alteração no entendimento em relação a esta idéia mitológica do louco.
Foram acrescentados ao desígnio divino os
Conflitos pessoais. Isto quer dizer que o homem passou a ser visto como um ser que traz em si os eventos, furiosos ou medrosos, como resultado dos seus desejos. A vontade divina ainda atuava sobre a sorte do homem, mas a loucura como comportamento
– como efeito de uma causa tal como ciúme, ódio, homicídio, entre outros – acontecia porque o homem passou a ser compreendido como um ser dotado de capacidades psicológica.
Já com as formulações de Hipócrates grande médico da Antiguidade, houve uma exclusão total da explicação mitológica da