Estudos pre-saussurianos
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO - PROGRAD
CONCURSO VESTIBULAR 2008 – 1ª Fase
PROVA DE LINGUA PORTUGUESA, LITERATURAS, BIOLOGIA E FÍSICA
Leia, com atenção, os Fragmentos I e II (Texto I), a seguir, intitulados A perspectiva da liberdade e Formas de privação de liberdade, do economista indiano Amartya Sen. TEXTO I
A perspectiva da liberdade (Fragmento I) “Não é incomum os casais discutirem a possibilidade de ganhar mais dinheiro, mas uma conversa sobre esse assunto por volta do século VIII a.C. é especialmente interessante. Nessa conversa, narrada no texto em sânscrito Brihadaranyaka Upanishad, uma mulher chamada Maitreyee e seu marido, Yajnavalkya, logo passam para uma questão maior do que os caminhos e modos de se tornarem mais ricos: Em que medida a riqueza os ajudaria a obter o que eles desejavam? Maitreyee quer saber se, caso “o mundo inteiro, repleto de riquezas”, pertencesse só a ela, isso lhe daria a imortalidade. “Não”, responde Yajnavalkya, “a sua vida seria como a vida das pessoas ricas. Não há, no entanto, esperança de imortalidade pela riqueza.” Maitreyee comenta: “De que me serve isso, se não me torna imortal?.” A pergunta retórica de Maitreyee tem sido citada inúmeras vezes na filosofia religiosa indiana para ilustrar a natureza das tribulações humanas e as limitações do mundo material. Meu ceticismo quanto às questões do outro mundo é grande demais para que as frustrações mundanas de Maitryee me levem a discuti-las, mas há um outro aspecto nesse diálogo que tem um interesse muito imediato para a economia e para a compreensão da natureza do desenvolvimento. Esse aspecto diz respeito à relação entre rendas e realizações, entre mercadorias e capacidades, entre nossa riqueza econômica e nossa possibilidade de viver do modo como gostaríamos. Embora haja uma relação entre opulência e realizações, ela pode ou não ser muito acentuada, e pode muito bem depender demais de outras circunstâncias. A questão não é a