A leitura como prática pedagógica
A leitura literária, que, hoje, é tão almejada por aqueles que, como eu, acreditam ser uma ação transformadora, impõe um ato de ler com seriedade, que exige do leitor uma disponibilidade interna para adentrar o texto, compreendendo-o na intertextualidade e no contexto do leitor, porque a percepção crítica implica a apreensão daquilo que é sentido e a razão do ser que se sente. A leitura séria compromete o leitor, envolve-o na investigação dos pormenores, criando uma aproximação entre o contexto do leitor e o do escritor, de tal ordem, que não permite cair na armadilha da “compreensão mágica da palavra escrita” que, para Freire apud Silva, E. (2000), apenas sugere a ideia, de que ser leitor ou escritor está implicitamente relacionado à quantidade de livros ou páginas escritas, o que é um grande engano. Além disso, para que a leitura permita melhor apropriação das informações, é fundamental que o leitor localize, situe o contexto do autor do texto – o contexto social, político, ideológico, histórico que fez com que o autor escrevesse o que escreveu. A partir daí, o leitor deve procurar relacionar esse contexto do autor com o seu, utilizando o texto como mediação, privilegiando uma proposta bastante semelhante à “biblioteca vivida”, de Goulemot. Para tanto, o processo de leitura, proposto por Freire, dá-se a partir de temas significativos à experiência do aluno e não subjugados aos critérios do professor. Busca debater aspectos que envolvem o sujeito e sua interação com o mundo, para possibilitar uma melhor compreensão de sua identidade cultural. A metodologia empregada para este fim diz respeito à leitura e à escrita como momentos inseparáveis, pois ao mesmo tempo em que estimula a linguagem oral pela troca de pontos de vista, desafia o aluno a registrar o seu pensamento. Como não há censura ou preocupação com o certo/errado e porque a escrita se relaciona com o vivido, amplia-se a possibilidade de uma escrita espontânea e