A justiça como virtude e fundamento da república de platão
Carla Adriana Erdmann
“Temos assim três virtudes que foram descobertas na nossa cidade: sabedoria, coragem e moderação para os chefes; coragem e moderação para os guardas; moderação para o povo. No que diz respeito à quarta, pela qual esta cidade também participa na virtude, que poderá ser? É evidente que é a justiça.” (Os pensadores, pg.130)
Na República de Platão percebe-se as virtudes como base da construção da cidade ideal. As virtudes devem ser desenvolvidas por todas as classes, cada uma na medida e a fim de cumprir sua função. A justiça mostra-se como fundamento de tudo, como horizonte a ser buscado.
Se a cidade foi bem fundada o Estado é perfeito. Esta perfeição engloba as virtudes da sabedoria, a coragem, a moderação e a justiça. Platão no Livro IV, através da figura de Sócrates dialogando com Glauco, afirma que uma das faces da justiça (e a tese mais aceita) é que cada um deve realizar a função que lhe é própria, sem interferir nas funções dos outros. Se acaso algum homem quisesse desempenhar outra função que não aquela que lhe cabe, não sendo perito naquilo que realiza, inevitavelmente iria cometer injustiças, causando desequilíbrio na sociedade.
Interessante se faz analisar a perspectiva platônica da construção de uma cidade em que a política se realiza em torno da razão humana, mais pela valorização de aspectos éticos, morais e espirituais (colocações sobre a alma) do que pelos aspectos materiais. O material será perfeito concretizando-se o ideal. Se os indivíduos forem justos a cidade será justa. Existe um vínculo entre os indivíduos e a cidade. Ainda, nos diálogos, Platão procura demonstrar que, além do vínculo há também uma unidade eterna e imutável.
Preconizava um estado que obedeceria uma hierarquização intelectual, pois, os sentimentos são instáveis e inconstantes, somente a razão seria capaz de fornecer subsídios de um sistema justo.
Platão reconhece identidade das