A Jornada do herói
A Estrutura Narrativa Mítica na Construção de Histórias de Vida em Jornalismo
Por Monica Martinez*
Resumo
Este trabalho tem como objetivo expor um novo modelo de construção de histórias de vida para comunicadores sociais. A proposta tem como embasamento teórico o método de histórias de vida, enquanto narrativa de não-ficção, proposto por Edvaldo Pereira Lima, do Núcleo de Epistemologia da Escola de Comunicações e Artes, no contexto do
Jornalismo Literário Avançado; o aparato conceitual em torno da crise dos paradigmas e da entrevista dialógica, de Cremilda Medina, do mesmo núcleo; a abordagem do pensamento complexo, conduzida pelo cientista social francês Edgar Morin; as formulações do mitólogo norte-americano Joseph Campbell sobre a figura do herói; e as contribuições do psicanalista suíço Carl Gustav Jung – em especial os conceitos de arquétipos, consciente e inconsciente coletivos e sincronicidade.
Palavras-chave
Jornalismo, Reportagem, Grande Reportagem, Livro-reportagem, Histórias de Vida,
Biografias, Perfis, Jornada do Herói.
Introdução
O jornalista Thomaz Eloy Martinez, citando o ensaísta norte-americano Hayden
White, diz que “a única coisa que o homem realmente entende, a única coisa que ele de fato conserva na memória, são os relatos”1 . E como narrar de forma a atender ao impulso básico dos seres humanos de ouvir histórias, de forma que haja um ritmo – com começo, meio e final adequado -- para satisfazer um leitor exigente?
Naturalmente há várias propostas2 . Uma delas é um método que se distingue por propor um padrão narrativo ao qual os seres humanos estão habituados há milênios. Sua
1
MARTÍNEZ, Thomaz Eloy em discurso proferido na reunião da Sociedade Interamericana de
Imprensa, realizada em Guadalajara, México, em novembro de 1997.
2
Ver CULLE R, J. Teoria literária – uma introdução. São Paulo: Beca Prod. Culturais Ltda.,
1999.
1
origem remonta à década de 40 do século 20. Ao analisar