A joia dos desejos
Como filosofia o budismo é uma forma relativa, condicionada e passageira de sistematizar conhecimentos do processo de cognição para que seja possível reconhecer os condicionamentos mentais e a natureza da libertação. Ou seja, tudo o que a filosofia budista faz é reconhecer a contaminação mental inerente a todo processo cognitivo e a natureza da liberação.
Neste ponto inicia-se a prática budista que visa ir além de todo condicionamento inconsciente. Assim a operação mental poderá manifestar ausência de jogos cegos e condicionamentos automáticos ocultos.
CONTAMINAÇÕES DOS OBJETOS
Contaminação = ação limitante sobre a experiência da realidade.
Acontece de forma automática e involuntária nas idéias, emoções imagens mentais. Reduzem as possibilidades a espaços cognitivos restritos.
Operamos incessantemente com limitações cognitivas sem perceber. Essas limitações se introduzem com as mentes associadas aos cinco sentidos físicos mais a mente abstrata.
Primeiro tipo de contaminação: surge na relação com os objetos concretos, dando realidade única e inequívoca. Interpretamos de forma automática e condicionada os estímulos sensoriais que nos atingem. Admitimos que os objetos têm existência concreta preexistente, independente de nós.
Exemplo: um livro. O que é um livro?
Para a traça é comida.
Pode ser combustível para fazer fogo.
Pode ser abrigo do sol.
Pode virar leque e aliviar o calor.
Pode ser lido.
Pode ter empoderamento. Jurar sobre a Bíblia dizer a verdade nada mais que a verdade.
Não precisamos pensar para ver no livro o livro. Surge automaticamente.
Mas crianças são introduzidas a esses conceitos. Isso não surge naturalmente.
E se a humanidade fosse extinta o que seria do livro?
Da mesma forma olho para uma pessoa e vejo o inimigo. Não há questionamento.
As interpretações não se contrapõem, mas se complementam.
Segunda contaminação: atribuímos realidade concreta, imediata, sem esforço a objetos abstratos.
Exemplo: