A Janela da Alma "Análise Crítica"

“Janela da Alma” – Análise do documentário
O documentário “Janela da Alma” foi criado por João Jardim e Walter Carvalho, ambos portadores de miopia. Insere-se exactamente no contexto da visão e faz-nos questionar sobre o conceito da mesma. É baseado na citação de Leonardo Da Vinci “O olho é a janela da alma, o espelho do mundo”, que constitui o ponto de partida para os depoimentos aí retratados. Desanove pessoas com diferentes graus de deficiência visual, da miopia à cegueira total, entre os quais o fotógrafo Evgen Bavca, o músico Hermeto Paschoal e o vereador Arnald Godo (cujos depoimentos mais me agradaram) expõem um pouco da sua realidade e pontos de vista, tendo em conta as suas limitações visuais (que não lhes parece uma limitação, propriamente dita), é enaltecido o facto de todos estes indivíduos possuirem optimismo e força de vontade para alcançar o sucesso que obtiveram nas suas carreiras.
O conteúdo dos seus depoimentos passa por revelações pessoais e inesperadas sobre vários aspectos relativos à visão: o funcionamento fisiológico do olho, o uso de óculos e suas implicações sobre a personalidade, o significado de ver ou não ver num mundo repleto de imagens, onde reina a tecnologia e também a importância das emoções como elemento transformador da realidade que definitivamente não é a mesma para todos, sobretudo para as pessoas com dificuldades visuais, que nem por isso apresentam uma compreensão do mundo menos rica que os demais (os que não apresentam limitações).
Todo o documentário remete-nos para um mundo do qual não estamos habituados a ver e a conviver e elucida-nos que a visão interior e a compreensão do mundo à nossa volta é bem mais profunda que a simples utilização do globo ocular e que mesmo enxergando através deste, tendo em conta que a magnitude da visão transcende o fisiológico, não completamos devidamente o acto de ver. Tudo isto pode significar igualmente que a realidade não é somente a que conseguimos observar (a realidade física),