A institucionalização universitária da geografia alemã: um modelo para a europa
HUMBOLDT E RITTER, DUAS FIGURAS SEM CONTINUIDADE.
É uma opinião amplamente admitida que as figuras de Humboldt e Ritter constiuiram, de certa forma, casos isolados, sem uma grande influência direta, apesar do prestígio que os acompanhou em vida. Segundo esta interpretação, a geografia como ciência não se aproveitou imediatamente dos ensinamentos dessas figuras, e só mais tarde receberia o estímulo de suas ideias.
Os historiadores alemães costumam assinalar que o decênio que seguiu a morte desses dois grandes geógrafos foi um decênio de crises. Assim Konrad Krestschmer disse que [...] “ocorrer um período de paralisação”, não existiram grandes personalidades nem houve propriamente escolas; tornando-se esse período uma lacuna no desenvolvimento constante da geografia[...].
Opinião semelhante é sustentada por Paul Claval que, mesmo aceitando que é nesses autores que deveriam ser buscados “as primeiras formulações sistemáticas do que é geografia”, considera que “no fundo eram casos isolados”.
Esta coincidência de interpretações é sintomática de uma opinião, ainda que por sua vez origine, algumas interrogações. Em primeiro lugar, porque a obra de Humboldt e Ritter não teve influencia? E depois, porque demorou tanto tempo para a geografia universitária desenvolver-se na Alemanha?
A primeira questão remete a situação institucional de Humboldt e à mudança das ideias científicas, que coincide mais ou menos com o final da vida dos dois cientistas. Humboldt não era geógrafo e o projeto de sua geografia teve impacto, sobretudo entre os naturalistas. Por outro lado, a especialização e o desenvolvimento crescente das ciências tornavam cada vez mais difíceis a viabilização do projeto humboldtiano. No caso de Ritter, é necessário levar em conta, sobretudo, várias circunstâncias. Uma que o Erdkunde é uma obra de difícil