Microcredito
1. INTRODUÇÃO: POLÍTICAS PÚBLICAS, MICROCRÉDITO E DESENVOLVIMENTO LOCAL
O combate à pobreza passou a constar da ordem do dia. A discussão sobre a necessidade de se combater a pobreza e, com ela, tanto os seus efeitos – ações corretivas – quanto suas causas – ações preventivas – são parte fundamental do debate político e acadêmico, sobretudo em países com elevado grau de desigualdade social, como o Brasil. Há alguns anos, o Prêmio Nobel de Economia foi ganho por um economista cujo objeto de estudo é a pobreza: o indiano Amartya Sen. Organismos internacionais de relevante importância, como a Organização das Nações Unidas e o Banco Mundial, encabeçam discussões a respeito das melhores políticas capazes de superar a pobreza extrema. Mal antigo, a pobreza virou, de um momento para o outro, "novidade". Não é objetivo desse trabalho discutir a pobreza, mas reconhecer que a sua superação é um dos pólos norteadores de toda ação política e econômica. Nesse sentido, a superação da pobreza se dá em duas frentes: por m eio do crescimento econômico – a via mais usual e comum, propiciada pelo funcionamento normal da economia sob condições adequadas – e por meio de políticas públicas ou programas sociais, de orientação mais corretiva, voltada para minimizar as imperfeições do funcionamento do sistema econômico. À parte a extensa discussão téorica sobre crescimento econômico consagrada nos manuais de macroeconomia, pretende-se abordar aqui, dentre as possibilidades de combate à pobreza, o acesso ao crédito como parte das políticas públicas voltadas para o desenvolvimento local. Assim, é objetivo deste trabalho aprofundar a discussão sobre a temática do microcrédito, avaliando o seu potencial em termos tanto de sua contribuição no combate à pobreza,
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quanto em sua importância como parte das ações de desenvolvimento econômico local. Parte-se aqui inicialmente de uma tentativa de inscrever o microcrédito no arcabouço das políticas públicas tanto de combate à pobreza