a infertilidade de bentinho
Após dois anos de casamento e consecutivas tentativas infrutíferas, Bentinho não conseguiu engravidar Capitu. Eis que, sem nenhum tratamento com o dr. Elsimar Coutinho, Maria Capitolina aparece grávida, por “divina obra do Espírito Santo”. Mesmo já separado de Capitu e envolvido em outras aventuras afetivas, Bentinho não legou filhos à posteridade, não teve um filho que o justificasse... à exceção do suposto Ezequiel. Bentinho era infértil e a fertilidade de atleta de alcova de Escobar foi a sua desgraça.
2) A fuga para a Suíça
Após a morte de Escobar e a acusação de Bentinho, Capitu separa-se do marido traído e vai morar na Suíça. Por que tão longe? É simples: Ezequiel, seu filho, estava crescendo, e a sua escancarada semelhança com Escobar seria uma prova mais que evidente da sua traição. Toda a família e os amigos notariam e ela não passaria incólume à acusação de adúltera. Melhor esconder o fruto do seu pecado bem longe dos olhos das alcoviteiras.
Na verdade, ao contrário do que possa parecer, o famigerado "argumento da voz narrativa" é favorável a Bentinho, não contra ele. Como assim?
Quando escreve o livro, Bentinho não é mais Bentinho, é um semi-eremita conhecido na cidade como Dom Casmurro, por seu temperamento arredio "de homem calado e metido consigo"(CAP I). Inicialmente, desejou compor uma obra de fôlego sobre um grande tema, "jurisprudência, filosofia e política", mas não se viu preparado para tanto. Depois pretendeu escrever uma modesta "História dos subúrbios", que resolveu deixar para depois. Finalmente, decidiu escrever suas memórias, "deitar no papel as reminiscências que me vierem vindo"(CAP 2), "atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência". Sem dúvida, sua vida girou em torno de Capitu. Ela é a protagonista de sua existência, no amor e no desamor.
Essas não serão memórias destinadas à gaveta. Ele pretende publicá-las. Em diversos momentos dirigi-se diretamente aos